quarta-feira, 3 de abril de 2013

Exame médico revela escândalo

Anualmente um teste revela uma falha gritante no ensino superior no Brasil: a imensa maioria dos alunos de direito não passa nas provas da OAB e, assim, não obtém seu certificado para que possam advogar.

Se a população já fica escandalizada com o despreparo desses estudantes, imagine, então, a reação num teste obrigatório aplicado aos formandos das escolas de medicina --afinal, vidas estão nas mãos deles.

O Conselho Regional de Medicina anuncia nesta semana, segundo jornal "O Estado de S.Paulo", que o Conselho Regional de Medicina de São Paulo vai exigir que, para tirar seu certificado, o estudante terá de fazer uma prova.

A julgar pelo teste voluntário realizado em anos passados, se verá que muitos alunos simplesmente não teriam condições de tratar de pessoas sem colocá-las em risco.

Mas o teste, por uma questão legal, não é eliminatório. O estudante pode tirar zero e mesmo assim ganhar seu registro. Ou seja, a população continua indefesa, exceto se, na hora da consulta, exigir ver o certificado. E não apenas o diploma.

Suponho que as provas voluntárias são feitas entre os alunos que se sentem mais preparados. O que será ainda mais revelador com o teste obrigatório.

A cada dia expomos mais nosso acerto de contas com o passado pelo fato de o país não colocar a educação no topo da agenda --e deixar prosperar um ensino superior de péssima qualidade.

Gilberto Dimenstein Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

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