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A Seduc (Secretaria de Educação) de Mato Grosso disponibilizou
recursos de R$ 7,7 milhões para gastos com serviços de bufês já a partir de
agosto e com validade de um ano. No cardápio há pratos sofisticados como salmão
com molho tártaro, saladas de mariscos, entre outros.
A licitação, publicada no Diário Oficial do Estado, prevê a
realização de exatas 433.512 refeições, entre almoços, jantares e cafés da
manhã. Segundo a Seduc, as refeições serão servidas "durante eventos de formação
e ou capacitação, encontros e palestras".
Essa liberação de R$ 7,7 milhões ocorre em um momento de crise
na área de educação em Mato Grosso. Cerca de 30 mil trabalhadores, entre
professores, técnicos e apoios administrativos, devem entrar em greve por tempo
indeterminado a partir de segunda-feira (12). A categoria exige que o governo
apresente proposta concreta sobre as reivindicações, entre elas, a dobra do
poder de compra do salário dos trabalhadores em um prazo de 7 anos.
Duas empresas foram escolhidas no pregão promovido pela SAD
(Secretaria de Estado de Administração) e publicado no Diário Oficial do Estado
na segunda-feira (5). São elas: Ana Paula Farias Alves-ME (Real Buffet) e Laice
Pereira da Silva-ME.
A licitação foi dividida em dois lotes com 26 itens cada um. O
Real Buffet ficou com maior parte dos serviços e deve receber R$ 4,9 milhões
pelas refeições fornecidas para a Seduc, referente a 277.556 mil pratos aos
funcionários. A empresa Laice Pereira da Silva-ME ficou com menor fatia e vai
fornecer 155.956 refeições, o que equivale a R$ 2,8 milhões.
Convocação
A verba milionária para aquisição de refeições dominou a sessão
vespertina da Assembleia Legislativa de terça-feira (6). Os deputados Airton
Português, Dilmar Dal Bosco (DEM) e Guilherme Maluf criticaram a política
educacional do Estado, afirmando que esse recurso de R$ 7,7 milhões deveria ser
usado para melhoria de escolas.
A Mesa Diretora aprovou convocação do secretário Ságuas Moraes,
requerida por Português.
Escolas ruins
Conduzida pelo suplente de deputado federal Saguás Moraes (PT),
a Seduc, que tem orçamento em 2013 de R$ 1,6 bilhão é alvo de uma série de
investigações conduzidas pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura
e Desporto da Assembleia Legislativa. Uma delas trata das condições de escolas
públicas, algumas improvisadas, como o caso de duas unidades de ensino no
município de Cáceres (220 km de Cuiabá). Uma delas foi inaugurada há um ano, mas
não funciona porque não tem água nem energia elétrica.
Em outra escola, jovens e adultos de assentamentos são
obrigados a assistir aulas em barracão improvisado. Quando a temperatura
aumenta, estudantes se posicionam embaixo de árvores.
Em abril deste ano, a Seduc teve as contas de 2011 rejeitadas
pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). O relator das contas, conselheiro
Sérgio Ricardo, ex-deputado estadual do PR, afirmou que a educação em Mato
Grosso é uma das piores do Brasil.
Outro lado
Em nota, a Seduc afirma que recursos não serão repassados para
as empresas se eventos não forem realizados e que os valores se tratam de uma
previsão de atendimento. No entanto, não explica o fornecimento de refeições
"sofisticadas" como salada de mariscos ou salmão ao molho tártaro. Leia a nota
na íntegra:
A licitação realizada na modalidade pregão/registro de preço
para aquisição de serviços de alimentação segue normas legais para o
procedimento. O referido pregão 030/2013 atenderá a programação de eventos de
formação e ou capacitação, encontros e palestras realizadas pela Seduc no
período de 12 meses.
O processo licitatório feito a partir de validação e realização
conjunta com a Secretaria de Estado de Administração (SAD) teve quatro empresas
participantes. Dessas, duas foram contempladas por apresentarem o menor preço. A
prestação de serviço contemplará atendimento para refeições (café da manhã,
almoço, jantares) a serem promovidos no período determinado em Edital. É
importante destacar que não são repassados recursos para as empresas. Se não
ocorrerem os eventos, não serão utilizados os valores previstos. O montante
licitado se trata de uma previsão de atendimento.
Os valores que justificam o investimento foram tirados com base
no número de eventos a serem realizados em 12 meses e total de participantes
estimados. O custo de cada refeição segue padrões determinados por convênios
federais para aquisição dos serviços (comida, locação de espaço, e utensílios).
O pregão realizado terá diferentes valores de alimentação e cardápio, dependendo
do tipo de serviço realizado (publicado em pregão no Diário Oficial). Os
recursos serão provenientes de convênios federais e estaduais, dependendo da
ação programada.
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quinta-feira, 8 de agosto de 2013
MT- Imprensa nacional condena fato da Seduc gastar R$ 7,7 milhões em bufê com salmão
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