terça-feira, 6 de agosto de 2013

Rusga

Wilson Santos        

Após a independência do Brasil em 1822,o cenário político nacional foi dividido em dois setores que disputavam o poder entre si. Os Liberais defendiam a autonomia para as províncias,hoje, estados e a eliminação do modelo colonial por completo. Do outro lado, os portugueses queriam a manutenção da centralização do poder e a continuação dos seus privilégios. 

Com a renúncia de d. Pedro I, e a menoridade do futuro d. Pedro II, o trono brasileiro ficou vago, nascendo assim o período regencial (1831 -1840). Nessa fase eclodem revoltas armadas em diversas regiões do país. 

Essas rebeliões eram motivadas pelo clima de ‘acerto de contas‘ entre brasileiros e portugueses, além do protesto veemente contra as péssimas condições de vida da esmagadora maioria da população,que mais de uma década pós-independência constatava que nada havia melhorado. 

Em Cuiabá explodiu uma violentíssima revolta político/social que levou à morte dezenas de pessoas em 30/05/1834, com consequências que se arrastaram por décadas. 

Durante mais de 150 anos vigorou a tese de que a causa original da Rusga foi a ‘lusofobia‘, aversão aos portugueses, apelidados de ‘bicudos‘ pelos cuiabanos. 

Hoje há consenso entre historiadores de que a causa principal da Rusga foi a disputa pelo poder em Mato Grosso entre as duas facções políticas locais: os Liberais (Sociedade dos Zelosos da Independência) e os Conservadores (Caramurus - Sociedade Filantrópica). 

A Rusga em si consistiu num levante armado realizado pela oposição (Liberais) com o objetivo de derrubar o governo conservador e assumir o poder em Mato Grosso. Também queriam,os mais exaltados, assassinar a elite lusitana e os grandes latifundiários. 

Governava a província o cel. João Poupino Caldas,que durante a explosão da revolta saiu às ruas com o bispo dom José A. Reis, suplicando o fim dos assassinatos. Os ‘Rusguentos‘ não pararam e acusaram Poupino Caldas de traidor. 

Sem apoio militar e isolado politicamente, o governador Poupino Caldas solicitou sua substituição.O novo governador, Antonio Pedro Alencastro, foi rigoroso na perseguição aos líderes da Rusga, efetuando prisões. Poupino Caldas foi carimbado como o ‘dedo duro‘ que ‘entregou‘ os cabeças do movimento. Em 1836, no dia em que deixaria Cuiabá, João Poupino Caldas foi assassinado,provavelmente a mando dos Liberais exaltados. 

Os ‘Rusguentos‘ chegam ao poder em Mato Grosso com a nomeação de Pimenta Bueno como governador ainda em 1836.

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