quinta-feira, 8 de agosto de 2013

UNB aprova 23% de cotistas

Dos 3.952 aprovados em primeira chamada no segundo vestibular de 2013 da Universidade de Brasília, 920 ingressaram pelo sistema de cotas

Estudantes comemoram a aprovação no processo seletivo da Universidade de Brasília, o primeiro desde que o governo federal mudou as regras do sistema de cotas Dos 3.952 aprovados em primeira chamada no segundo vestibular de 2013 da Universidade de Brasília (UnB), 920 ingressaram pelo sistema de cotas.

O número representa 23,28% dos novos Alunos, sendo que 501 entraram pelo benefício para negros e 419 por cursarem o Ensino médio em Escolas públicas. Essa é a primeira seleção de meio de ano depois que o governo federal instituiu a reserva de vagas para estudantes da rede pública nas universidades. Antes disso, as cotas na UnB eram de 20% para candidatos negros. Os registros dos aprovados poderão ser feitas em 29 e 30 de julho (leia quadro).

De acordo com Erasto Fortes Mendonça, integrante do Conselho Nacional de Educação, a política pública é muito importante para aumentar a representatividade de minorias nas instituições públicas de Ensino superior. “Esse é um problema muito sério. Tivemos, nas últimas décadas, uma expansão das matrículas no Ensino público, com um percentual enorme de brancos e um muito pequeno de negros na universidade. À medida que esses números aumentaram, a diferença não diminuiu”, aponta. A penalização histórica dos estudantes de Escola pública também deve ser levada em consideração, segundo ele, e torna legítima a reserva específica para esse grupo.

Um ponto polêmico na seleção foi a alteração do caráter eliminatório das questões discursivas. Até o último vestibular, em janeiro de 2013, quem não pontuasse nessa fase da prova estaria automaticamente desclassificado da seleção. Na primeira experiência com o sistema de cotas para Escolas públicas, muitos candidatos às vagas reservadas não pontuaram nesse tipo de pergunta. A UnB, então, decidiu acabar com essa regra: mesmo quem tira zero nas discursivas ainda tem chances de passar no processo, desde que consiga acertar as objetivas dentro da nota de corte do curso escolhido.

Experiência

A decisão foi criticada por acadêmicos e vestibulandos. Eles argumentaram que a medida facilitaria a entrada de estudantes da universidade. No entanto, aos olhos de Mendonça, isso não é algo determinante no resultado. “As provas da UnB são construídas de maneira interdisciplinar.

O esforço que o Aluno tem de fazer para responder as questões corretamente envolve uma série de processos cognitivos que superam muito a decoreba. É praticamente desnecessário que um vestibular assim tenha uma avaliação por escrito, pois já existe a redação”, defende.

Sobre a polêmica das discursivas, o Professor da Faculdade de Educação da UnB Célio da Cunha acredita que ainda é cedo para determinar a efetividade da decisão. “De um lado, é preciso premiar o mérito. Do outro, temos de lembrar da exclusão e fazer políticas públicas. E, mesmo dentro das cotas, não se deve tirar o critério do merecimento da discussão. Essa é uma tentativa da universidade de corrigir as distorções históricas. Só a avaliação da experiência vai dizer se a decisão foi acertada. Há uma demanda de acompanhamento dos cotistas, isso vai poder dar indicadores mais precisos, até para tomar novas decisões”, opina.

1º lugar estudou 12 horas por dia

Rafael Simões obteve a melhor nota da UnB, mas tenta ainda uma vaga para engenharia espacial em São Paulo Embora tenha se dedicado aos estudos, Rafael Simões, 20 anos, não esperava ter se saído tão bem no último vestibular da Universidade de Brasília (UnB). O jovem vai cursar engenharia no câmpus do Gama.
Após três anos de uma rotina dedicada aos livros, ele conseguiu dar o primeiro passo para se tornar um profissional bem sucedido. “Foram mais de 12 horas de estudos, entre cursinho (preparatório) e leituras em bibliotecas. No fim, valeu muito a pena esse sacrifício todo”, conta, orgulhoso.

O jovem tinha o hábito de acordar às 6h. Além de passar o dia estudando, à noite, frequentava uma Escola preparatória, onde assistia aulas até as 21h. Apesar do excelente desempenho no certame da UnB em engenharia, ele anseia passar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São Paulo, e realizar o desejo de cursar engenharia aeroespacial. “Esse é um sonho que eu tenho desde cedo e vou persistir em realizá-lo”, afirma.

Rafael estudou no Colégio Militar, no primeiro e no segundo ano do Ensino médio. O último período foi cumprido no Colégio Farias Brito, em Fortaleza, um dos que mais aprovam no ITA. Já com o diploma do Ensino médio, voltou para Brasília e, na primeira tentativa, passou com a melhor nota na UnB.
Distância

Filho de servidores públicos, Rafael sabe das dificuldades que encontrará ao escolher o Gama para estudar. Ele mora no Jardim Botânico. “Eu preferia o (câmpus) Darcy Ribeiro, que é bem mais perto da minha casa, mas só no Gama tem engenharia espacial. Tenho ótimas referências do curso, os Professores são excelentes e, por esses motivos, a distância é o que menos importa”, explica o jovem. O estudante superou 23.919 inscritos na primeira chamada do vestibular da universidade brasiliense. Desses, 3.952 foram aprovados.

Fonte: Correio Braziliense 26/07/2013

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