Em recente conversa com um amigo professor e aluno de mestrado na Unicamp, enveredamos por um caminho que parece não ter fim. Discutíamos sobre o porquê de vermos tantos erros na internet.
Quando já não tínhamos por onde caminhar na conversa, decidi que era hora de fechar o papo com mais eu daquele chavões acadêmicos… e eu disse:
“Tenho pra mim que os erros de digitação nem são o maior problema. Esquecer-se de um verbo aqui, acreditar que o leitor entenderia outra coisa ali, uma letra fora de lugar… Enfim, nem todos têm a intimidade que a maioria tem no computador. Intimidade, ou a falta dela, atrapalha. Além disso, há o fator tempo e nesse aspecto, os estagiários do Terra sabem bem do que estou falando.”
O problema é que, assim como eu disse no Twitter dia desses, temos que não só os jovens têm problemas de leitura. Há analfabetos funcionais às pencas por aí. É por isso que em testes como o PISA, apenas 40% dos alunos respondem bem as questões de interpretação. A discussão sempre cai sobre a escola, sobre o professor, mas “que tipo de aluno é esse que não sabe ler e disso não se envergonha?”. Foi o que eu disse no Twitter.
Há uma leva de estudantes que apenas decodificam palavras sem entenderem o que estão lendo, reproduzem frases sem entenderem o que estão escrevendo. A "culpa" não é, é claro, dos estudantes apenas, mas principalmente do sistema educacional do qual sou parte ativa. É certo que este não privilegia, ainda nos primeiros estágios da alfabetização, a possibilidade do surgimento da vontade de ler por prazer.
Penso que é um problema grande mesmo. Nos últimos tempos, algumas conversas mantidas com outros educadores têm me levado a pensar no uso das redes sociais, dos blogs, de gêneros mais próximos dos alunos para incentivar o gosto pela leitura. Confesso que meu objetivo não é exatamente de formar alunos leitores. Quero mesmo é que eles sejam capazes de manter um diálogo com um texto e terem argumentos para provar para qualquer leitor que eles possuem “bagagem” para não só escreverem com conteúdo, mas também de organizar de tal forma essas ideias que os textos tenham começo, meio e fim. Agora me responda: O que é mais interessante? Twitter ou um romance de José de Alencar?
Confesso que responderia que é José de Alencar, pois sou um bicho estranho, tomei gosto pelos romances, mas o Twitter é prazeroso pelo imediatismo e tão somente por isso.
Por conta disso, dessa apresentação violenta dos clássicos, que alunos cada vez mais têm aversão à leitura. Jà na alfabetização isso ocorre.
Enfim, terminei a conversa com o velho e tão belo chavão de quem escreve e ensina a escrever: “Quem não lê dificilmente escreverá bem.”
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