domingo, 17 de julho de 2011

Mais de 35% dos alunos de MT estão atrasados

Três em cada 10 estudantes estão fora do ano recomendado

Reprodução

Oitenta e oito mil estudantes de Mato Grosso estão atrasados no ensino médio
A GAZETA

Trinta e oito por cento dos estudantes do ensino médio de escolas públicas de Mato Grosso estão atrasados. A taxa de distorção idade-série divulgada pelo Censo Escolar 2010 mostra ainda que 3 em cada 10 estudantes estão fora do ano de estudo recomendado pelo Ministério da Educação (MEC) e o levantamento também aponta que entre os jovens está o maior índice de abandono. Foram mais de 16 mil que saíram das salas de aula no ano passado. Nos primeiros 9 anos de estudo, 88 mil estudantes estão atrasados. A taxa de distorção é de 18,3% neste nível.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inpe) do MEC inclui estudantes de todas as escolas públicas e privadas do Estado e aponta que os piores índices ocorrem no ensino médio, de 1º ao 3º ano. Enquanto o atraso entre os alunos brasileiros está em 34,5% neste nível, entre os mato-grossenses fica em 35,5%. Na análise por alunos da rede pública ela ainda aumenta para 38,5%. A diferença entre idade e etapa da educação no sistema educacional é medida pela taxa de distorção idade-série, que considera 2 anos a mais de idade a mais do que a indicada para determinado ano de estudo.
A vice-presidente do Sindicatos dos Professores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Jocilene Barboza dos Santos, avalia que estes dados são uma amostra da falta de investimentos por muitos anos no ensino médio. Até 2009 o Brasil só priorizava o ensino fundamental, que no antigo sistema seriado compreendia estudantes entre 7 e 14 anos. "A escolarização básica recebia financiamento maior e as outras foram esquecidas".
Com a emenda 59, naquele ano, a faixa de investimento na educação ampliou dos 4 aos 17 anos e tornou obrigatório o governo investir em todas as etapas. O momento atual ainda é resquício desta falta de investimento, diz Jocilene, que prevê para os próximos anos uma mudança nas taxas. Ela destaca, no entanto, que deverão ficar comprometidas por conta das transformações geradas pelo Ciclo por Formação Humana. A política está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e foi adotada há 11 anos na rede pública estadual em Mato Grosso.
Dentro do Ciclo, este ano foi iniciado o processo de "enturmação", que obrigou no sistema que a matrícula do estudante fosse realizada conforme sua idade e não conforme o nível de escolarização. Jocilene prevê que a partir do ano que vem os dados de distorção idade-série caiam naturalmente por força deste processo. Mas, os dados continuarão a existir na realidade. Ela explica que o Ciclo é ótimo na teoria, pois prioriza a fase vivida pelo aluno e dá oportunidade para estudar nestas condições. Porém, critica a forma como vem sendo adotado na rede pública.
Ela relata que os estudantes não estão recebendo o devido acompanhamento para ter condições de acompanhar o nível dos demais colegas de turma e a estrutura disponível não oferece perspectivas de melhoria. Diretores de escolas da rede se reunirão na Conferência da Educação para tratar do assunto e avaliar os impactos gerados pela transformação. O Ciclo também tem como princípio a não retenção dos estudantes, ou seja, evita a repetência, que será verificada nos próximos anos, diz Jocilene.
O Censo Escolar 2010 apresenta que a taxa de reprovação é de 4% entre os estudantes do ensino fundamental e 17,2% entre os do nível médio. Já a taxa de aprovação entre os estudantes de 1º ao 9º ano é de 94,8% em Mato Grosso, superior ao registrado nacionalmente, que é de 86,6%. A aprovação entre os estudantes de 1º ao 3º ano do ensino médio fica abaixo, em 71,6%.

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