Local onde se concentravam os escravizados que fugiam das fazendas, minas e casas de família. As pequenas aldeias que existiam no quilombo eram também chamadas mocambos. Os maiores quilombos eram formados por vários mocambos. Seus habitantes eram chamados quilombolas. Os quilombos existiram no Brasil desde a colonização até o final do Império.
Organização. Nos quilombos, os ex-escravos organizavam-se política e economicamente de modo semelhante ao das tribos ou nações africanas de que provinham. Alguns já eram nascidos no Brasil, outros provinham das mais diferentes regiões da África. Para alguns historiadores e, segundo pesquisa realizada pelo Departamento de Genética e Morfologia da Universidade de Brasília (UnB), que estuda comunidades remanescentes de quilombos, os esconderijos de escravizados fugidos ou libertos até o século 19 não foram comunidades apenas formada por negros, mas eram também compostas por indivíduos excluídos da sociedade da época, mestiços e até mesmo índios das redondezas que se juntavam aos quilombolas.
As terras dos quilombos eram consideradas normalmente como bem comum. Cada indivíduo ou família cultivava uma pequena área. Em alguns quilombos, chegou a se desenvolver um rico e variado cultivo de gêneros alimentícios e a criação de animais domésticos. Os maiores quilombos chegaram a manter comércio com as vilas mais próximas.
Expedições punitivas. Embora procurassem se instalar em lugares longínquos, os quilombolas faziam incursões noturnas às fazendas. Iam encorajar as mulheres e novos companheiros a segui-los até os quilombos.
As autoridades organizavam expedições punitivas para acabar com os quilombos. No princípio, os ataques tinham por finalidade recuperar os escravizados fugidos. Mais tarde, a prosperidade alcançada por alguns quilombos despertou a cobiça dos brancos. Muitos sertanistas e bandeirantes organizaram expedições contra os quilombos para receberem como recompensa as terras ocupadas por eles.
O Quilombo dos Palmares foi o mais importante de todos, não só pelo seu tamanho como pela resistência às 17 expedições punitivas que foram enviadas contra ele. Durou dos primeiros anos do século 17 até 1695.
Sua área de influência chegou a se estender do cabo de Santo Agostinho ao rio São Francisco. Nessa região, correspondente a uma parcela dos estados de Alagoas e Pernambuco, havia uma grande mata de palmeiras, daí o nome Palmares. A população de Palmares dividia-se em vários mocambos. Os chefes de cada mocambo formavam um conselho. Esse conselho era reunido pelo rei Ganga Zumba. O principal mocambo, onde ficava o rei, chamava-se Cerca Real do Macaco.
Campanha contra Palmares. As primeiras expedições para Palmares, de simples reconhecimento, foram enviadas pelos holandeses. Após a expulsão desses holandeses em 1654, os luso-brasileiros enviaram 17 expedições contra Palmares. As mais importantes foram a de Antônio Jácome Bezerra e André da Rocha (1673), a de Manuel Lopes (1675), as de Fernão Carrilho (1677, 1684 e 1686) e as de Domingos Jorge Velho (1692 e 1693-1695). Os quilombolas resistiram por mais 20 anos antes de serem derrotados pela primeira vez, em 1677. Nesse ano, a primeira expedição de Fernão Carrilho tomou os mocambos do Amaro, de Aqualtune e de Subupira, destruiu as habitações e queimou as plantações. Capturou Ganga Zona, irmão do rei, Ganga Muíça, comandante militar, vários membros da família real e os chefes João Tapuia Ambrósio e Pedro Carapaça. Ganga Zumba aceitou a paz oferecida pelo governador de Pernambuco e passou a viver confinado em Cucaú.
Muitos mocambos continuaram resistindo, sob a liderança de Zumbi, sobrinho de Ganga Zumba. Contra esse grupo foram organizadas novas expedições. Em 1692, a do bandeirante Domingos Jorge Velho foi derrotada pelas forças de Zumbi. No ano seguinte, ele organizou nova expedição contra Palmares, auxiliado pelos destacamentos de Sebastião Dias e de Bernardo Vieira de Melo. Após longa resistência, os quilombolas foram cercados na Serra da Barriga. Zumbi foi morto em combate e o Quilombo dos Palmares foi totalmente destruído.
Outros quilombos. Além de Palmares, outros quilombos atingiram grande desenvolvimento, como o da Serra dos Parecis, os do rio Trombetas, no Pará, o de Turiaçu, no Maranhão, o de Carlota, em Mato Grosso, e o do rio das Mortes, em Minas Gerais. Houve quilombos em todo o território brasileiro. Na época do Império, os mais famosos foram os de Malunguinho, perto do Recife, e o de Cumbe, no Maranhão. Durante a campanha pela abolição da escravidão, os abolicionistas organizavam fugas de escravos para quilombos.
domingo, 17 de julho de 2011
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