segunda-feira, 8 de abril de 2013

Dona Cuiabá e seus dois moinhos

Moinhos sem vento. Moinhos sem parlamento. Moinhos sem qualquer grão. Moinhos inoperantes. Moinhos calados. Moinhos falantes. Moinhos desconcertantes. Moinhos intermitentes. Moinhos inclementes. Moinhos indiferentes. Moinhos em nada holandês ...



AIRTON REIS
Divulgação

Uma estrada abandonada. Uma cadeira sem calçada. Um conto de fada. Uma população carente. Um paciente ignorado. Um pronto socorro deveras ampliado. Um centro histórico abandonado. Uma periferia em pé de guerra. Uma cidadania perdida. Uma vida interrompida. Uma violência banalizada. Uma política de fachada.


Uma educação sucateada. Uma cultura relegada. Um turismo improvisado. Um comerciante assaltado. Um tiro certeiro. Um trânsito caótico. Um congestionamento em nada ocasional. Um estacionamento ausente. Uma multa repentina. Uma esquina. Uma encruzilhada. Uma praça sem retreta. Uma picareta inoperante. Um pedregulho rolado. Um rio contaminado.

Cuiabá capital de um estado federado. Cuiabá sede de uma copa mundial. Cuiabá sedenta de administração municipal. Cuiabá faminta de recurso federal. Cuiabá improvisada. Cuiabá desarticulada. Cuiabá provinciana. Cuiabá urbana. Cuiabá republicana. Cuiabá cana caiana. Cuiabá trigo sem pão. Cuiabá circo da exclusão.

Cuiabá café sem leite. Cuiabá deleite sem exclamação. Cuiabá enfeite sem formosura. Cuiabá escura. Cuiabá insegura. Cuiabá ferida. Cuiabá aflita. Cuiabá catita. Cuiabá dominada. Cuiabá infestada. Cuiabá casual. Cuiabá promessa eleitoral. Cuiabá dívida constitucional. Cuiabá imposto territorial. Cuiabá crescimento vertical.

Dona Cuiabá sem Jorge. Dona Cuiabá sem amado. Dona Cuiabá sem amante. Dona Cuiabá do público pagante. Dona Cuiabá da cama desarrumada. Dona Cuiabá do travesseiro sem fronha. Dona Cuiabá do milho sem pamonha. Dona Cuiabá do escaldado de água fria. Dona Cuiabá da falsa democracia. Dona Cuiabá da revelia.

Moinhos sem vento. Moinhos sem parlamento. Moinhos sem qualquer grão. Moinhos inoperantes. Moinhos calados. Moinhos falantes. Moinhos desconcertantes. Moinhos intermitentes. Moinhos inclementes. Moinhos indiferentes. Moinhos em nada holandês. Moinhos sem vez. Moinhos sem vozes. Moinhos atrozes. Moinhos deveras velozes. Moinhos algozes.

Quem te tritura? Quem te estrutura? Quem te move? Quem te paralisa? Quem te agoniza? Responda-nos Cuiabá. Queremos te modernizar. Queremos te humanizar. Queremos te pacificar. Queremos te amar. Nesta e em toda e qualquer data mais do que secular. Por hora, apenas um poema que pelo mesmo vento vem te parabenizar. Feliz cidade, um dia tu serás! Vamos esperar! Enquanto isso, nós continuamos te poetizar!

(*) AIRTON REIS é cidadão cuiabano por título, por adoção, por verso em bis e refrão. E-mail: airtonreispoeta@gmai.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário