domingo, 7 de abril de 2013

O ato de escrever

A grande emoção de quem tem o hábito de escrever - quer seja um artigo, uma crônica ou um livro - é entregar a sua produção imediatamente para adoção.
Nesse sentido, a arte de escrever é um ato de pura doação.

Como os filhos que lançamos ao mundo, após julgá-los aptos, assim os textos produzidos ganham vida própria e também são lançados ao mundo. São amados ou não, na medida em que consigam tocar àqueles que os leem.

Essa é a beleza do ato da criação. Ambos, se aprisionados, fenecem antes do total florescimento.

Quantos diários ocultos poderiam ter se tornado importantes obras literárias! As ideias, como as pessoas, só florescem na liberdade.

O ser encarcerado pelos seus pensamentos, o máximo que consegue é transformá-los em toxinas, na maioria das vezes altamente prejudiciais ao nosso organismo.

Na criação das ideias a posologia é totalmente livre, enquanto os efeitos colaterais são sempre surpreendentes.

Teremos os nossos textos tanto mais adotados quanto maior empatia conseguirmos com os nossos interlocutores silenciosos que, no âmago da sua solidão, passam a dialogar conosco os seus pontos mais ocultos.

Formadores de opinião, nem sempre, mas a tentativa de um pensamento mais reflexivo é sempre a meta.

O mundo não é importante só por sua existência, mas, principalmente, pelos bastidores que movimentam esse mundo e o imenso caldeirão de emoções daí decorrentes. Nesse sentido nos diferenciamos dos outros animais, que não transformam o que está à sua volta.

Enfim, na doação da palavra escrita temos por único objetivo agradecer aos que nos leem. Agradecer as inúmeras palavras carinhosas recebidas e reafirmar que, eles sim, são os responsáveis por essa nossa catarse, talvez mais produtiva para nós que para eles.

Inúmeras são às vezes em que nos regozijamos com manifestações de alegria por termos colocado em palavras pensamentos que, no seu silêncio sepulcral e frequentemente culpado, originava conflitos de fácil solução.

Sorte daqueles que através da comunicação, conseguem fazer essa conexão energética com seus irmãos planetários.

Esperamos continuar nessa tarefa, enquanto palpitar nosso coração.



Gabriel Novis Neves

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