segunda-feira, 8 de abril de 2013

Muito prazer, eu sou cuiabano


Wilson Carlos Fuá               
Os costumes e o modo de viver em Cuiabá é uma coisa mágica, e que aqueles que não nasceram aqui, jamais vão entender, o porquê das pessoas que nascem no Centro da América do Sul, vivem sempre bem humoradas e voltadas para o “viver feliz”. 


O cuiabano pode ser definido como uma pessoa alegre e que encontra prazer nas pequenas coisas que este lado de mundo lhe ofereceu. Viver mais de dois séculos segregados e isolados do resto do país foi sofrido. Por um lado foi ruim, mas por outro lado foi muito bom, porque contribuiu para preservação da: cultura, culinária, sotaque e modo de viver. 

O cuiabano é um “bon vivant”: valoriza a cervejinha bem gelaaaaaaaaaaada, joga o truco espanhol como ninguém, e dos quintais pode-se ouvir a gritaria do jogo mais tradicional desta terra:
Truco!
Quero retruco!
Quero seu chapéu! P> Seu bananinha de bolicho!
Seu mambira! 

Capim de taipa ou; 

Quando vim de Pernambuco, vim montado num burro xucro: eu tenho flor e truco. ou mesmo o jogo de bozó:
Quero em baixo ou quero em cima: vou buscar o general de boca; 

Depois das chuvas o cuiabano deita e rola com pescaria de bagres, pacu e piraputangas: Este era grande, mamou e mamou, mas escapou. 

Como é bom participar das rodas de bate-papo a sombra de uma mangueira só para comer uma cabeça de boi assada com mandioca “ferventada” e vinagre, também faz parte e como faz.
O cuiabano adora fazer “moagem”. É exímio em colocar apelido em todo mundo com a maior naturalidade, não no sentido pejorativo, mas sim, como princípio facilitador para fazer uma boa amizade. A cordialidade deste povo é tanta, que em poucos minutos de convivência, já convida o “alienígena” para tomar uma cervejinha na sua casa e oferece o que tem na cozinha como forma de hospitalidade.
Em cada nascer de um novo dia, é mais um momento mágico para o Cuiabano reverenciar esse dia e com bom humor que lhe é peculiar, exalta a continuidade da vida. 

Logo que amanhece, o cuiabano toma o seu guaraná ralado na grosa no vai-e-vem dos movimentos lentos, e é nesse momento que ele passa a filosofar a vida, e tem como o ponto de partida para começo de um novo dia. Essa bebida por ser estimulante lhe dá um perfeito estado de sintonia com o mundo, revigorando e tirando todo o estado depressivo, que raramente o afeta. 

E o desjejum é o famoso “quebra-torto”, podendo ser um escaldado de ovo de galinha caipira, ou um revirado de carne cortada na faca e mexido na farinha ou uma paçoca de carne seca socada no pilão. 

O ser cuiabano é um estado de espírito bem particularizado. As pessoas tituladas de cuiabanos, logo no primeiro minuto ao ser castigado por esse calor gostoso que só nós suportamos com naturalidade, e esse sol escaldante que só nós adoramos, para os “paus rodados” o calor e o sol fortíssimos se transformam no muro da lamentação, sem querer, eles passam dizer “isto aqui parece um inferno” e sem pensar descarregam todo tipo de descontentamento sobre esta terra e sua gente. Os estranhos nunca vão ter o bom humor, a hospitalidade, espontaneidade para as festividades, a alegria de viver tranquilamente e que faz parte da natureza dos autênticos cuiabanos, acumular energia para alongar a vida e tem como filosofia a afirmativa: o sentido da vida é viver distribuindo sentimentos de felicidade a todos que se aproximam. 

Você que não nasceu aqui, se não quiser ferir os ouvidos dos cuiabanos, é só não cometer uma cacofonia ao pronunciar: “no” Mato Grosso. Quem nasce em Cuiabá, nasce em Mato Grosso. Quem nasce “no” Mato Grosso, nasceu “no” pau grosso, (substantivo comum), e quem nasceu em Mato Grosso, nasceu no estado: substantivo próprio. 

Quando ouvimos comunicadores de rádio e televisão pronunciar “no” Mato Grosso ou “do” Mato Grosso, ficamos a pensar, esses camaradas metidos “bestas” ficam a criticar o sotaque do Cuiabano, cometem essa cacofonia imperdoável e segue a repetir dia após dia em nossos ouvidos, ferindo a nossa cultura e nos classificando com pessoas que vivem “no” Mato Grosso (pau grosso) e não “em” Mato Grosso, nosso querido estadão. 

Outro erro grave é pronunciar “baixada cuiabana”, aqui não existe mar, portanto o correto é pronunciar Vale do Rio Cuiabá, ou seja, as cidades próximas de Cuiabá fazem parte do Vale do Rio Cuiabá.
Muito prazer, eu sou cuiabano.
 

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