Não foi destaque na imprensa em geral, mas saiu na semana passada o resultado
individual do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo
(Idesp), o indicador de qualidade que mobiliza todas as 5 mil escolas públicas
do Estado anualmente. Na quinta-feira a ferramenta de consulta por unidade foi
atualizada sem alarde no site da Secretaria da Educação com os dados de
2012. É possível saber o desempenho de cada instituição nas provas de língua
portuguesa e matemática e no fluxo escolar e também compará-lo a ela própria no
ano anterior, ao seu município e a toda a rede. Há motivos para tão extenso e
rico banco de dados não ter se transformado em notícia.
O índice que norteia boa parte das políticas públicas para a área, como a escolha das “escolas prioritárias” e a medição de quais professores e funcionários merecem bônus, é escondido. A ferramenta no site só permite a consulta individual e não a visualização de toda a rede.
A informação de que o dado estava disponível não mereceu uma palavra das autoridades do assunto. O secretário da pasta, Herman Voorwald, não convocou a imprensa para explicar os números e sequer deu uma declaração a respeito. Até mesmo o departamento de assessoria de imprensa – que existe para a intermediação e divulgação de informações a jornalistas e diariamente escreve textos sobre a política da pasta – praticamente ocultou o assunto. O indicador só foi citado em um texto sobre o pagamento do bônus, que é dado aos educadores das escolas que atingem as metas, sem nunca dizer que o dado individual estava disponível.
Se fosse explicar, o governo do Estado teria que falar das suas próprias e pobres metas para a Educação: chegar até 2030 a nota 7 para o 1º ciclo do ensino fundamental, 6 para os anos finais da mesma etapa e 5 para o ensino médio. Tudo em uma escala de zero a 10. Em linhas gerais, a meta de cada escola é traçada entre as notas atuais e o que falta ganhar ano a ano para chegar a isso, mas no meio do caminho entram outros dados técnicos tão difíceis de compreender que a nota técnica para o cálculo só está disponível para o indicador de 2011 e certamente não é compreensível para a população em geral (veja aqui).
No dia seguinte, feriado de Páscoa, os números de todas as escolas foram publicados no Diário Oficial, não no espaço destinado à Educação, mas sim à Fazenda, como se o Idesp fosse sinônimo de dinheiro. Na verdade, do jeito que é tratado, ele se resume mesmo a isso: ao dinheiro gasto com a aplicação das provas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e a controversa bonificação paga aos educadores por seu resultado.
Em 2011, quando foi possível saber, por exemplo, quais eram as escolas com os maiores Idesp do Estado, o iG mostrou que a tal campeã na verdade fraudou a avaliação e uma professora respondeu as provas pelos alunos. A nota da Reverendo Augusto da Silva Dourado, de Sorocaba, que tinha sido de 9,3 em 2011 caiu para 2,63 em 2012. Ninguém assumiu, mas a suspeita óbvia é que a busca pelo bônus motivou a absurda interferência. Há outros casos esse ano? Com a falta de possibilidade de trabalhar com todos os dados a imprensa ainda não encontrou. Torço para que o enorme trabalho de empilhar todas as informações seja vencido nas redações e, em breve, possamos saber.
Nas últimas semanas, os dados mais polêmicos sobre Educação eram todos nacionais. O relatório com o desempenho De Olho Nas Metas, da ONG Todos Pela Educação, gerou protesto das Secretarias de Educação, que afirmaram haver divergências entre o que buscam e o que o movimento defende. A divulgação de redações com erros no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também resultou em críticas de quem discorda dos padrões adotados para atribuir notas. Nos dois casos, no entanto, as informações existiam e foi a divulgação delas pela imprensa que possibilitou o debate. A falta de notícias e até de escândalos sobre o sistema de educação paulista está longe de ser um bom sinal.
O índice que norteia boa parte das políticas públicas para a área, como a escolha das “escolas prioritárias” e a medição de quais professores e funcionários merecem bônus, é escondido. A ferramenta no site só permite a consulta individual e não a visualização de toda a rede.
A informação de que o dado estava disponível não mereceu uma palavra das autoridades do assunto. O secretário da pasta, Herman Voorwald, não convocou a imprensa para explicar os números e sequer deu uma declaração a respeito. Até mesmo o departamento de assessoria de imprensa – que existe para a intermediação e divulgação de informações a jornalistas e diariamente escreve textos sobre a política da pasta – praticamente ocultou o assunto. O indicador só foi citado em um texto sobre o pagamento do bônus, que é dado aos educadores das escolas que atingem as metas, sem nunca dizer que o dado individual estava disponível.
Se fosse explicar, o governo do Estado teria que falar das suas próprias e pobres metas para a Educação: chegar até 2030 a nota 7 para o 1º ciclo do ensino fundamental, 6 para os anos finais da mesma etapa e 5 para o ensino médio. Tudo em uma escala de zero a 10. Em linhas gerais, a meta de cada escola é traçada entre as notas atuais e o que falta ganhar ano a ano para chegar a isso, mas no meio do caminho entram outros dados técnicos tão difíceis de compreender que a nota técnica para o cálculo só está disponível para o indicador de 2011 e certamente não é compreensível para a população em geral (veja aqui).
No dia seguinte, feriado de Páscoa, os números de todas as escolas foram publicados no Diário Oficial, não no espaço destinado à Educação, mas sim à Fazenda, como se o Idesp fosse sinônimo de dinheiro. Na verdade, do jeito que é tratado, ele se resume mesmo a isso: ao dinheiro gasto com a aplicação das provas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e a controversa bonificação paga aos educadores por seu resultado.
Em 2011, quando foi possível saber, por exemplo, quais eram as escolas com os maiores Idesp do Estado, o iG mostrou que a tal campeã na verdade fraudou a avaliação e uma professora respondeu as provas pelos alunos. A nota da Reverendo Augusto da Silva Dourado, de Sorocaba, que tinha sido de 9,3 em 2011 caiu para 2,63 em 2012. Ninguém assumiu, mas a suspeita óbvia é que a busca pelo bônus motivou a absurda interferência. Há outros casos esse ano? Com a falta de possibilidade de trabalhar com todos os dados a imprensa ainda não encontrou. Torço para que o enorme trabalho de empilhar todas as informações seja vencido nas redações e, em breve, possamos saber.
Nas últimas semanas, os dados mais polêmicos sobre Educação eram todos nacionais. O relatório com o desempenho De Olho Nas Metas, da ONG Todos Pela Educação, gerou protesto das Secretarias de Educação, que afirmaram haver divergências entre o que buscam e o que o movimento defende. A divulgação de redações com erros no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também resultou em críticas de quem discorda dos padrões adotados para atribuir notas. Nos dois casos, no entanto, as informações existiam e foi a divulgação delas pela imprensa que possibilitou o debate. A falta de notícias e até de escândalos sobre o sistema de educação paulista está longe de ser um bom sinal.
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