quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Avaliação sempre será o “Xis” da educação


jornal do educador

Todo final de ano é mesma ladainha. Ah! Professora, ...fessorinha querida, se faltar 0,5 a senhora dá, néh?! Profe..., eu sou um bom aluno, querido, a senhora sabe... então me defende lá no Conselho de Classe?...

Os professores ficam sempre num dilema, entre a cruz da reprovação e a espada da perda do respeito. Se as notas dos alunos estiverem abaixo da média para passar sem exame, a culpa é, adivinha..., sempre do professor. Se as notas estiverem altas e poucos alunos ficarem para exame final, - Ah!! - Aí os alunos é que são bons.

De qualquer modo, o insucesso do aluno traz a culpa ao professor. o sucesso, será sempre mérito do aluno. Por parte dos alunos, não é diferente. Se as notas forem baixas, o professor é quem deu, se forem altas, o aluno é quem mereceu, especialmente se for dez.

No final de cada ano letivo, uma enxurrada de questionamentos invade a cabeça de todo professor. A maioria, o coloca numa situação de escolha entre aprovar ou reprovar um e outro aluno que está no limiar. .

A decisão é sempre difícil, pois o professor terá que reprovar alguém até para preservar o respeito e para que a escola continue com a imagem de que ensina e exige algo de alguém. Caso contrário, nem alunos, nem pais e nem mesmo profissionais da educação conseguem acreditar que o sistema de avaliação é verdadeiramente eficiente e justo.

Assim, pensando no próprio futuro profissional, o professor precisa escolher entre o aluno que, embora com boa aptidão cognitiva e física, nada fez durante todo o ano letivo, levou “na flauta ”, fez-se de rogado e, não raro, o desrespeitou.

E o que tem dificuldade cognitiva, leva o dobro do tempo dos demais da turma para aprender o mesmo conteúdo e, embora seja esforçado e dedicado, como seu colega, obviamente, não conseguiu (ou não ganhou) nota suficiente para ser aprovado.

Neste dilema, o professor perde noites de sono pressionado pelo estresse, o que dificulta ainda mais sua avaliação e escolha. Além destes tipos de alunos, há que se pensar, e avaliar, os da dita inclusão. Estes que, na maioria das vezes, foi incluído no espaço físico da sala de aula, mas não foi incluído no sistema de ensino e, em algumas redes de ensino, nem mesmo no sistema de registro oficial de avaliações.

A diferença é que, no professor, a angústia que aparece no aluno somente no final de ano, é constante. Durante todo o ano letivo, com momentos de pico e de arrefecimento, está presente, é contínua e provoca estresse a cada atividade aplicada para averiguar a aprendizagem.

No aluno, aparece somente no final de cada ano letivo e, na maioria das vezes, porque os pais cobram, querem a resposta de um ano inteiro de investimentos para mandar seu rebento à escola e usam as notas como meio de punir ou premiar.

No professor, a angústia pela avaliação, seguramente, não é menor do que a dos alunos, mesmo neste momento de pico. Então, qual seria o sistema de avaliação perfeito e o mais justo? Qual aluno deve ser aprovado e qual reprovado?
Seria justo o conselho de classe aprovar os “bagunceiros”, “traficantes de poder (e, às vezes, de outras substâncias)”, os valentões, os puxa-sacos, o sobrinho da diretora, a filha da servente e outro tanto de crianças, adolescentes e jovem que “tão nem aí”, “não querem nada com o batente”, só porque seus pais pressionam a escola.

Do mesmo modo, pode-se reprovar os com dificuldade de aprendizagem, mas esforçados e que não vão conseguir aprender nem mesmo repetindo de ano?

Aliás, é justo o Conselho de Classe interferir no trabalho do professor que ficou durante todo o ano em sala de aula e detectou, por avaliações e recuperação paralelas (registradas em diário de classe), que aquele aluno ou aluna não deve ser aprovado?

Ou seja, a avaliação continua a ser o “Xis” da educação. Se o professor reprova, é ruim. Se o aluno é aprovado, o professor fez somente o seu papel. Ou seria a educação um grande e único “Xis” na cabeça de todos os profissionais que nela atuam e por esta razão precisam avaliar em números a aprendizagem, que, convenhamos, é imensurável.

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