quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Renda baixa dificulta matrícula e alfabetização


02 de dezembro de 2010

Renda baixa dificulta matrícula e alfabetização, diz estudo Crianças com menor renda entram na escola depois das demais e saem antes, segundo relatório do Movimento Todos Pela Educação

Sarah Fernandes


As crianças de famílias que vivem com até um quarto de salário mínimo por pessoa têm mais dificuldade de se matricular na escola e de aprender a ler do que as de famílias com mais de cinco salários per capita. A avaliação é do Relatório de Metas do Movimento Todos pela Educação, que foi divulgado nessa quarta-feira (1/12), em São Paulo (SP).

Nas famílias com até um quarto de salário mínimo, 86,7% das crianças 4 a 17 anos estavam matriculadas na escola em 2009, segundo o levantamento. O percentual aumenta conforme a renda, chegando a 97,9% na faixa mais alta (mais de cinco salários por pessoa).

As crianças com menor renda entram na escola depois das demais, por volta dos 4 anos, e saem antes, aos 17, segundo o relatório. “A educação explica e reforça as desigualdades. Ela ainda não conseguiu ser uma política compensatória”, avaliou a coordenadora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.

As crianças de famílias mais pobres também encontram mais dificuldades de alfabetização, aponta a pesquisa. Apesar de não haver um indicador específico para isso, ela traz o percentual de crianças de 9 anos que concluíram a segunda série, subtendendo que a retenção está relacionada às dificuldades de leitura.

Na faixa de renda mais baixa, 43,9% das crianças foram aprovadas contra 80,4% na mais alta. “Muitas dessas crianças são filhas de pais que não tiveram acesso à educação e isso gera um impacto muito grande na vida escolar. Quanto mais escolarizados os pais, mais escolarizados serão os filhos”, afirmou a secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar.

“A desigualdade social é muito grave. Devem ser implantadas políticas que combatam o problema para que as crianças possam frequentar a escola, com mais oportunidades e menos dificuldades”, afirmou a secretária. “A escola não consegue combater o problema sozinha. Ela forma cidadãos com mais possibilidades de progresso, mas não resolve a concentração de renda”.

A relação entre renda e frequência escolar também foi observada no ensino médio. Apenas 17,2% dos jovens com até 19 anos das famílias com um quarto de salário per capito concluíram o ensino médio, contra 93,6% nas famílias com mais de cinco salários por pessoa.

“É preciso avaliar nosso modelo escolar e aproximá-lo das necessidades atuais. Nesse contexto, é fundamental ampliar os espaços educativos e o tempo de permanência na escola, para no mínimo sete horas”, afirmou Pillar.

Fonte: Portal Aprendiz

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