quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O ensino sobre "As origens do Natal" como Projeto Pedagógico


As tradições cristãs são fruto de um amplo diálogo com os costumes judaicos e pagãos.

Ao tratar da Idade Média, poucos professores exploram a fundo a dinâmica cultural envolvida nesse período histórico.

“Celebrar o Natal é uma tradição. As chances, contudo, de Jesus de Nazaré ter nascido num dia 25 de dezembro são uma em 365. O registro mais antigo de uma celebração de Natal remonta a 336 d.C.. O 25 de dezembro foi escolhido com base no seguinte raciocínio: o mundo foi criado em um equinócio de primavera (25 de março) [no hemisfério Norte], logo, esta também foi a data da concepção do filho de Deus. Somam-se nove meses, chega-se a 25 de dezembro.

Ao fazer o Natal coincidir com essas festas tão populares, o cristianismo dava um duro golpe na concorrência e preparava o terreno para tornar-se a principal religião da Europa. O próprio imperador Constantino, antes da sua conversão, era um devoto de Mitra.”

Por meio dessa passagem, o professor pode levantar importantes questionamentos sobre vários campos de conhecimento que não se restringem somente à História. Abrindo diálogo com as Ciências, o professor pode requerer uma breve explicação sobre os fenômenos naturais relacionados ao equinócio e ao solstício. Por meio dessa informação, é possível delimitar os referenciais simbólicos que estão próximos a essas épocas distintas do ano.

Além disso, o professor pode ainda trabalhar sobre a menção que o texto faz ao imperador romano Constantino. Perguntando sobre a importância do imperador para o cristianismo, é possível notar que a religião cristã nasce em meio a uma série de outros valores e costumes que não seriam indiferentes ao desenvolvimento dessa nova crença. Nesse sentido, vale a pena reforçar as datas coincidentes entre o calendário pagão e a fixação do Natal enquanto celebração cristã.

Por meio desta análise, o professor tem condições de realizar uma interessante constatação sobre a religião cristã. Ao contrário do que alguns alunos possam pensar, a doutrina cristã trilhou um longo caminho após Jesus Cristo empreender os ensinamentos que fundamentaram a religião. Mais do que questionar a valor da religião em si, é possível expor que ela também está cercada pelas escolhas do homem e da História.


Por Rainer Sousa
Graduado em História

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