quinta-feira, 26 de maio de 2011

Editorial - Crianças, o futuro do Brasil

Quinta, 26 de maio de 2011, 03h00
Fonte: Jornal a Gazeta/MT


É triste ver todos os dias no noticiário casos de violência contra a criança. Agressões físicas e psicológicas que deixam marcas para o resto da vida e muitas vezes são responsáveis por mudanças no comportamento dessas pequenas vítimas na vida adulta. Dados da Polícia Judiciária Civil apontam que nos primeiros 4 meses deste ano foram registradas 354 ocorrências de agressões em Mato Grosso. Deste total, 135 foram de violência sexual, envolvendo meninos e meninas, cujos casos estão concentrados em Cuiabá e Várzea Grande. Além do número absurdo o mais grave não é o registro, e sim o silêncio. Estima-se que para cada caso denunciado outros 20 não chegam ao conhecimento das autoridades policiais. Especialistas afirmam que a situação é ainda mais difícil de ser combatida e denunciada porque a maioria dos casos de violência contra criança e adolescente acontece no ambiente familiar, correspondendo a até 90% das ocorrências.

Muitas vezes, as denúncias não são formalizadas porque os agressores ameaçam os menores e as respectivas famílias. Assim, as vítimas sofrem caladas e carregam traumas que afetam no relacionamento com outras pessoas, com o trabalho e consigo mesmas. Para combater a violência contra adolescentes e crianças, o governo criou o Disque 100. As denúncias podem ser feitas anonimamente. Milhares de ligações são recebidas diariamente, aumentando as estatísticas. Não se trata de um aumento na violência, mas sim do crescimento na quantidade de pessoas encorajadas em acabar com este sofrimento vivenciado por muitos brasileirinhos.

Mas não são apenas as agressões físicas e psicológicas as que são caracterizadas como violência. Tirar a criança da escola para que ela trabalhe também é um ato violento, pois retira da criança o direito à infância, educação e formação profissional. Uma agressão que não causa dor física, mas que a faz agir e pensar precocemente os problemas dos adultos, limita o seu desenvolvimento e a possibilidade de ter um futuro promissor.

E é para combater as atividades desenvolvidas pelas crianças antes do tempo que a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego realiza fiscalização em todo o Estado. Nos primeiros 4 meses deste ano foram resgatadas 137 menores em condições degradantes de trabalho. Três delas tinham menos de 4 anos, o que causa ainda mais indignação. Os flagrantes vão desde atividades em feiras livres de Cuiabá, passando por empresas de lavagem de carros, até lavouras no interior. O número de vítimas resgatadas no Estado foi o maior realizado no período em toda Amazônia Legal, região que compreende 7 estados do Norte do país mais o Maranhão e Mato Grosso.

Todas essas ações negativas contra crianças só trarão efeitos ruins. Para que o Brasil cresça e se desenvolva é preciso criar condições para que esses menores sejam aproveitados de maneira eficiente e que tragam benefícios ao país e para si mesmos. Por isso, as autoridades públicas devem arregaçar as mangas e trabalhar em ações que realmente gerem resultado.

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