segunda-feira, 23 de maio de 2011

Os Mestres Cuiabanos

Wilson Carlos Fuá
12/05/2011
www.odocumento.com.br

Hoje ser professor, é ser um educador as avessas, pois recebe em seus recintos escolares, crianças e jovens com educação familiar sem limites e valores destorcidos.

Por necessidade de buscar um lugar ao sol e com intensa luta para se manter no mercado de trabalho, os pais dedicam todo o seu tempo aos afazeres e evolução profissional, e em função disso, os seus filhos são criados pelas secretárias do lar ou pela “má companhia” das ruas. O volume das rotinas dos pais não os deixam dedicar um pouco de seu tempo aos filhos, com isso o mundo escolar recebem pequenos monstrinhos ou delinqüentes amparados pela força do dinheiro ou pelo excesso de amparo da ECA – Lei 8069/90, são filhos revoltados sem causa e com educação produzida nas ruas.

Os professores eram respeitados, só com a sua presença bastava, eram uma espécie de Ser superior, acima do bem e do mau, havia pouca influência dos pais no recinto escolar, eram um modelo escolar firmado no respeito, dignidade e honestidade. Os Professores além de ter um elevado e notório saber, impunham liderança própria; a figura do professor transmitia respeito e carinho aos seus alunos.

Quantos Professores passaram pelas nossas vidas e viajando no tempo, só para homenagear os Mestres Cuiabanos, citaremos alguns nomes: lá na Escola Modelo Barão de Melgaço: Profª. Terezinha; Profª. Corina; Profª. Josefina Thommen; Profª. Nélia Povoas; Profº. Veteriana e Profª. Gracildes que primavam pela educação rígida, na Escola Técnica Federal de Mato Grosso: Porfª. Edna Affi; Profª. Roseny, Profº. Floriano Carvalho; Profº. João Crisóstimo Figueiredo; Profº. Reinaldo, Profº. Pedroso; Profº. Athaide e tantos outros; até os inspetores eram respeitados e transformavam em figura tradicional (Pozim) e Universidade Federal de Mato Grosso: Profº. Adejá de Aquino; Profº. Ávila; Profº. Leonardo e Profº. Manoel Pinto; mesmo sendo um centro universal de pesquisa, havia muito respeito a instituição, os alunos sentiam prazer em zelar pelo patrimônio material e moral do campus.

Foram grandes professores vocacionais que nasceram para ser mestre, quantas saudades daqueles aulas preparadas e passadas com prazer pelos profissionais do ensino, e mesmo com o passar dos anos ainda nos deixaram boas lembranças em nossa formação e que muitos ensinamentos trazem-nos princípios corretos que influenciam em nossas decisões pessoais e profissionais nos dias de hoje.

Ficaram em nossas lembranças, aquela figura do mestre impondo respeito e hierarquia com o comando firme e decidido, sem vacilar em nenhum segundo impondo sua liderança nata, a maior prova disso, era quando o professor entrava na sala de aula, todos os alunos levantavam em forma de respeito e glorificação ao mestre, e ficavam em pé, até que o Professor pronunciasse o cumprimento e ordenasse que todos pudessem sentar-se.

O Professor era na verdade um segundo pai, por isso que vem a qualificação de educador, e que na verdade hoje o professor é um mero repassador de conhecimentos; é um profissional com baixa remuneração e pouco reconhecimento pelos governantes, são muitas vezes desrespeitados pelos alunos.

Tive grandes mestres, certa vez, um desses educadores, na ilustração e reflexão de uma aula representativa, deu-nos uma grande lição que carregamos pelo resto da vida, disse aos alunos:
- Quem deseja esta moeda de prata? Vários alunos levantaram as mãos, mas o mestre pediu:
- Antes de entregá-la, preciso fazer algo. Jogou-a com toda fúria ao chão, e insistiu:
- Quem ainda quer esta moeda? As mãos continuaram levantadas.
- E se eu fizer isso?
Atirou-a contra a parede, deixou-a cair no chão, ofendeu-a, pisoteou-a e mais uma vez mostrou a moeda – agora imunda e rasurada. Repetiu a pergunta, e as mãos continuaram levantadas.
- Vocês não podem jamais esquecer esta cena – comentou o professor.
– Não importa o que eu faça com esta moeda, ela continua sendo uma moeda e tendo o seu valor monetário.

Muitas vezes em nossas vidas podemos ser amassados, pisados, maltratados, ofendidos; entretanto, apesar disso, ainda valemos a mesma coisa. Lembrem-se sempre deste exemplo, quando estiver passando por situações onde alguém queira tentar diminuir seu valor, imponha-se. E por outro lado, quando vocês estiverem prestes a fazer algo que possa levar alguém a se sentir diminuído, pense no exemplo da moeda, todos nós somos iguais e todos temos nossos valores. Nunca se esqueça deste momento representativo e reflexivo que agora vos passo, que levem para o resto das suas vidas: a dignidade, o caráter e a sabedoria, são valores morais que serão nossos escudos contra os obstáculos da vida.

Quantos de nós já passamos por situações de injustiças e truculências, quantos de nós não fomos jogados contra a parede e sofremos agressões e humilhações. Em função da nossa formação educacional que recebemos tanto familiar ou como dos mestres, tivemos o entendimento do que é ser dignos e o que é ter caráter firme, recebemos a formação para não deixar que pessoas despreparadas e truculentas pudessem diminuir a nossa essência. Tudo depende da sólida formação que recebemos na infância e na juventude, se o sistema educacional impõe o respeito aos valores morais, com certeza teremos homens conscientes, que saibam respeitar e saibam impor o que é ser justo e honesto.

Infelizmente não é isso que estamos vendo, hoje o recinto escolar educa e as famílias por não saber impor limites deseducam. Quanto maior o volume de recursos aplicados na Educação, menor será o volume de recursos aplicados na construção de Presídios.

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