Por Sílvia Gusmão Ramos
Recentes números do Ministério da Educação comprovam que o panorama da educação profissional no Brasil está melhorando. Entre os anos de 2002 e 2010, a quantidade de matrículas em cursos profissionalizantes chegou a 1,14 milhão, o que representa um aumento de 74,9%. A grande procura se concentra nos cursos técnicos de áreas que se destacam em todo o país, como informática, mecânica, administração, eletrotécnica e, sobretudo, aqueles relacionados com o setor de petróleo e gás, devido à descoberta do pré-sal. O cenário do ensino profissionalizante no Brasil nos próximos anos se revela promissor e deve ser impulsionado ainda mais com o lançamento do Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec). O projeto, do Governo Federal, visa aumentar o acesso ao estudo técnico a partir da ampliação de bolsas de estudo e da vinculação do uso do seguro-desemprego a matrículas em instituições que oferecem essa modalidade de ensino.
Diante da escassez de mão de obra especializada no Brasil, os cursos técnicos se tornaram aliados das empresas. Isso não é mais novidade. Na verdade, o que se tem percebido de novo nos últimos anos, é uma mudança no comportamento dos estudantes que concluem o ensino médio: agora, eles estão começando a considerar não apenas a faculdade, mas também o curso profissionalizante como uma alternativa válida (e atrativa) para a sua formação profissional. Tanto que há casos de instituições de ensino técnico do país que começam a registrar em seus processos seletivos concorrências tão acirradas quanto aos vestibulares mais disputados das grandes universidades brasileiras.
Vários motivos podem explicar esse olhar diferente para o ensino técnico, que demonstra estar cada vez menos contaminado do preconceito de outrora, mas ainda existente. O principal deles é o alto índice de empregabilidade que os cursos profissionalizantes apresentam. De acordo com um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Instituto Votorantim feito no ano passado, em uma comparação com profissionais que encerraram a formação educacional no ensino médio, aqueles que concluem um curso técnico têm 48% a mais de chance de conseguir entrar no mercado de trabalho.
Pernambuco já conta, por exemplo, com um centro de capacitação profissional para a inserção de jovens no mercado de trabalho, cujo índice de êxito já supera os 80%: o Ponto Cidadão. Localizado no sítio histórico de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, esse centro viabiliza a formação educacional de jovens em situação de vulnerabilidade econômica e social visando ampliar sua condição de empregabilidade. Gerenciado voluntariamente por uma rede de empresas (Itamaracá Transportes, TGI, INTG e Ágilis) e contando com o apoio de parceiros (igualmente voluntários), a proposta tem dado certo. Para este ano, a expectativa é de que a taxa de ingresso no mercado atinja o patamar de 90%.
O contexto atual mostra que o fortalecimento e a valorização do ensino técnico nos âmbitos estadual e nacional revelam-se uma necessidade e um caminho natural diante da diversificação das indústrias, do crescimento da economia e da modernização dos setores de comércio e serviços. E os jovens não devem deixar passar essa chance de qualificação profissional na disputa por uma vaga no mercado de trabalho.
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