quinta-feira, 26 de maio de 2011

Escola implanta política de "tolerância zero"

Luciana Cristo, iG Paraná

Escola implanta política de "tolerância zero" com atrasos de alunos
Direção do Instituto Estadual de Maringá veta entrada na escola, durante todo o período de aulas, de quem não chega no horário


A+ A- Compartilhar: A direção do Instituto de Educação Estadual de Maringá, cidade a 436 quilômetros de Curitiba (PR), resolveu endurecer as regras para o horário de entrada dos alunos no colégio. Desde a semana passada, todos os estudantes que não chegam pontualmente ao horário marcado para início das aulas são mandados de volta para casa, perdendo as cinco aulas do dia, não só a primeira.

“ O que mais lutamos aqui no município é contra a evasão escolar e nesse caso o incentivo parte da própria escola?”, diz conselheiro tutelar
Nem com a presença dos pais a escola tem sido maleável. Na semana passada, por causa do trânsito, uma mãe atrasou para deixar a filha na escola, de cinco a dez minutos depois do horário estipulado, segundo relato que foi feito ao conselho tutelar do município. “Não houve conversa e ela foi até maltratada. A filha teve que voltar para casa”, conta o conselheiro tutelar Vandré Fernando.

A medida causou revolta no conselho tutelar, que ingressou com duas representações no Ministério Público Estadual contra a decisão da escola. “O que mais lutamos aqui no município é contra a evasão escolar e nesse caso o incentivo parte da própria escola? Essa é uma postura inaceitável, arbitrária e inconstitucional, que fere os direitos da criança e do adolescente”, critica o conselheiro.

De acordo com Fernando, a regra do Instituto de Educação, localizado na região central da cidade, expõe os adolescentes a riscos. “Há inúmeras denúncias de prostituição e tráfico de drogas no entorno da escola. Quem garante que o adolescente vai voltar para casa se perder o horário da aula?”, pergunta ele.

Para tentar chegar a um acordo sobre a questão, uma reunião foi marcada para a manhã desta quinta-feira, envolvendo diretoria do colégio, conselho tutelar, núcleo de educação e promotorias da Educação e da Criança e da Juventude.

As duas diretoras da escola passaram a tarde toda em reunião com o Núcleo Regional de Educação de Maringá para tratar do assunto e por isso não puderam atender à reportagem do iG.

A Secretaria de Estado da Educação (Seed) informou, por meio de nota oficial, que o núcleo regional já contatou a escola e reforçou as orientações sobre a liberação de entrada de alunos atrasados. “Desde a última terça-feira (24) os alunos que chegam atrasados não estão mais sendo dispensados pela escola”, diz a nota.

No posicionamento, a Seed deixa claro que a determinação do colégio é contrária à postura do governo estadual. “É direito do aluno permanecer na instituição de ensino, mesmo em casos de atrasos, evitando, assim, uma situação de vulnerabilidade ante os perigos que rondam a escola. Neste caso, o estabelecimento de ensino deverá receber o aluno e comunicar aos pais ou responsáveis sobre o atraso”, finaliza o documento.

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