Sistema educacional de Berlim divide alunos a partir do 7º ano

Na capital alemã, os alunos começam a traçar rumos diferentes a partir do sétimo ano de estudo. De acordo com o desempenho apresentado durante os seis anos da educação básica, eles são aconselhados a seguir a vida escolar em um dos dois modelos educacionais existentes desde a reforma do setor, em 2010 -- Ginásio ou Escola Secundária Integrada. A decisão final cabe aos pais.

Na capital alemã, os alunos começam a traçar rumos diferentes a partir do sétimo ano de estudo. De acordo com o desempenho apresentado durante os seis anos da educação básica, eles são aconselhados a seguir a vida escolar em um dos dois modelos educacionais existentes desde a reforma do setor, em 2010 -- Ginásio ou Escola Secundária Integrada. A decisão final cabe aos pais.

Voltado para a preparação dos alunos para o mundo acadêmico, o Ginásio é geralmente reservado para os estudantes com as maiores notas. Normalmente não há aulas em regime integral. Após o ingresso, o primeiro ano serve de avaliação: quem não tiver desempenho adequado é obrigado a mudar para uma escola secundária.

Já o modelo da Escola Secundária Integrada tem aulas em tempo integral e aprovação automática. Além disso, essas escolas podem usar o contraturno para aulas de reforço, voltadas para os estudantes com mais dificuldade, e de aprofundamento das disciplinas tradicionais, para alunos com interesse em avançar em conteúdos que depois serão cobrados nas universidades.

Esse modelo também prevê cursos e estágios com foco na formação profissional. O colégio Heinrich von Stephan, por exemplo, fechou acordo com a rede hoteleira Mercure e hoje tem 20 de seus alunos estagiando em diferentes setores do grupo. Como cada escola tem liberdade para costurar parcerias com as entidades e empresas que julgar adequadas, os perfis das aulas e estágios oferecidos acabam sendo bastante distintos -- em algumas, por exemplo, é a área cultural que é enfatizada, em outras, as profissões técnicas.

Tanto na Escola Secundária Integrada quanto no Ginásio, porém, é possível realizar o Abitur, exame necessário para o ingresso na universidade. No primeiro caso, os alunos têm até o fim do 13º ano de estudo para fazer a prova. Já os que optam pelo Ginásio têm no máximo 12 anos para realizar o mesmo teste. Em casos de desempenho excepcional, o tempo pode ser abreviado para 11 anos.

REFORMA

Antes da reforma, havia três tipos diferentes de escola na capital, e apenas o Ginásio realizava a prova. O resultado era que, muitas vezes, os alunos das outras escolas acabavam desprestigiados e desmotivados.
Em outras localidades da Alemanha, esse sistema ainda vigora _ no país, a educação é uma atribuição dos Estados, que têm autonomia para estabelecer suas próprias diretrizes. Berlim goza do mesmo direito por ser uma cidade-estado.

Segundo o governo local, o objetivo da nova estrutura educacional é oferecer as melhores possibilidades adequadas à realidade de cada aluno. A avaliação é de que, para isso, as escolas têm que ser diferentes, mas não podem ser valorizadas de forma distinta.

Pelo menos um ponto da reforma, porém, tem sido alvo de críticas da população: o método de seleção dos alunos nas escolas em que o número de interessados supera o de vagas.

Antes, a proximidade do local de moradia era um fator decisivo para a escolha. Já nesse ano, parte das vagas passou a ser distribuída de acordo com critérios estabelecidos pelas próprias escolas, como o desempenho na educação básica ou a realização de atividades identificadas com o perfil curricular da unidade. Outra parte é fruto de sorteio.

Com isso, alguns estudantes não conseguiram vaga em nenhuma das três opções que apresentaram no momento da matrícula. Parte deles terá que gastar até 40 minutos para chegar ao local de estudo. Irmãos também foram separados, causando transtornos para as famílias. Para o governo, porém, são exceções: quase 95% dos alunos começarão o próximo ano letivo, em agosto, em uma das escolas escolhidas.

Fonte: Folha.Com - Saber/ DENISE MENCHEN 16/05/2011
DE BERLIM