Em coluna, senador chama de burrice a ''teoria de falar errado'' e diz que ''o dever do MEC é defender a língua portuguesa'' Wilson Lima, iG Maranhão
O presidente do senado, José Sarney (PMDB), criticou a adoção pelo Ministério da Educação (MEC) do livro “Por uma Vida Melhor”, da Coleção Viver, Aprender, que defende o uso da “norma popular da língua portuguesa”. Em sua coluna semanal no jornal "O Estado do Maranhão", de propriedade da família Sarney, e publicada neste domingo, 22, o senador afirmou que “O dever do Ministério da Educação é defender a língua portuguesa, pois está na Constituição”. O livro defende o uso das expressões “os menino pega o peixe” ou “nós pega o peixe”.
No texto deste domingo intitulado “Fale errado, está certo”, Sarney classifica como “burrice” a “teoria de falar errado”. “Nada mais representativo da burrice do que essa teoria de falar errado. Foi quando presidente da República que universalizei o programa do livro gratuito nas escolas e o grande problema era a qualidade do livro. Eu mesmo, aqui neste espaço (coluna do Sarney), tive oportunidade de reclamar de um livro de História distribuído nas escolas, chegado a minhas mãos pela minha neta, um verdadeiro horror pelos erros que ensinava”, disse em seu texto deste domingo.
Sarney foi além e disse que a norma culta, agora, está sendo “criminalizada”. “É nesse quadro que o Brasil resolve criminalizar quem fala corretamente e quer ensinar a que os outros também o façam. Isso, dizem, é discriminação. Ensinar não é discriminar, a função do professor é ensinar e corrigir”, pontua.
“Ora, corrigir quem fala errado, chamar atenção para o erro nunca é discriminar. Os teóricos da defesa do erro de gramática são os primeiros que deveriam aprender a aprender. Uma língua de cultura é uma evolução da língua. Sem regras ela se torna outra língua, passando por crioulo, dialeto ou outra coisa que se queira chamar”, sentencia.
Afirmando que a “língua é a primeira identidade”, Sarney também afirmou que “sem educação ninguém caminha” e defendeu que todo país, para ser grande, não pode dispensar as normas cultas da linguagem. “A língua é instrumento de unidade e político. É a primeira identidade. Não é por acaso que a Alemanha e a França gastam quantias fabulosas para manter, inclusive mundo afora, o ensino do alemão e do francês. É impossível pensar em matar suas línguas, deformando-as, sem regras e sem falantes”, declarou.
No final do texto, citando uma famosa frase de Fernando Pessoa, “a minha pátria é a língua portuguesa”, Sarney diz que “a aceitarmos a licenciosidade linguística, o próprio Ministério da Educação perde a razão de ser”.
“Quando agora se quer espaço na mídia busca-se o absurdo. Essa nova polêmica é o febeapá da educação, ao pregar não ser necessário educar e, assim, oficializar a burrice. “Não discrimine quem fala errado. Ele está certo.” Discriminação é chamar quem ensina certo de errado. Só faltava essa, ensinar a falar errado”, finaliza.
Em 12 de maio, o iG revelou que o livro “Por uma Vida Melhor” ensina os alunos que não há necessidade de se seguir a norma culta para a regra da concordância. No livro, os autores defendem que só pelo fato de existir uma palavra no plural em uma oração, ela já indica que a frase está no plural. Como exemplos, os autores citam a frase: “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”.
Fonte: iG
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