O desabafo de quem se constrange Professora de língua portuguesa virou heroína nacional depois de reclamar das condições de trabalho do ensino público
Natal — A protagonista de um dos vídeos de sucesso do YouTube desta semana — até a tarde de ontem, foram mais de 120 mil acessos —, é uma militante nata.
Amanda Gurgel, aprofessora de língua portuguesa que virou heroína nacional depois de reclamar das condições de trabalho do ensino público, já foi dirigente do Centro Acadêmico de Letras e do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e, logo nas primeiras assembleias do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do estado de que participou, assumiu a postura de oposição.
No ano passado, filiou-se ao Partido Socialista do Trabalhadores Unificado (PSTU). Amanda chamou a atenção do país depois de seu discurso em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do estado.
“Os deputados deveriam estar todos constrangidos com aEducação no estado do Rio Grande do Norte e no Brasil. Não aguentamos mais a fala de vocês pedindo para ter calma. Entra governo, sai governo e nada muda. Precisamos que algo seja feito pelo estado e pelo Brasil. O que nós queremos agora é objetividade”, desabafou. Desde então, o nome dela figura no Twitter entre os 10 assuntos mais comentados.
Aos 29 anos, Amanda leva vida simples: sai de casa às 5h50 e só retorna às 23h; pega três ônibus para chegar ao trabalho, estuda à noite e tem pouco tempo e dinheiro para o lazer.professora desde os 21 anos, ele teve a primeira decepção com a profissão escolhida ao assumir uma turma em uma Escola municipal de Natal.
“A minha maior frustração foi quando vi que os alunos que estavam no sexto ano não tinham a menor proficiência para estar nessa série, eram analfabetos. Você se vê diante de uma turma que está necessitando de uma determinada formação para a qual você não está capacitada. Não fiz pedagogia, não sei alfabetizar”, desabafou.
O sonho de ser professora nasceu no cursinho pré-vestibular, mas hoje se perdeu. “Eu não sei dizer o que aconteceu, mas o sonho não é mais o mesmo, definitivamente.” A desmotivação, segundo ela, vem dos baixos salários, da falta de condições de trabalho e doanalfabetismo dos alunos.
Os empecilhos lhe renderam um problema de saúde, que ela prefere não revelar, mas que a afastou da sala de aula. Amanda atua na biblioteca e no laboratório de informática de uma Escola municipal e outra estadual. “Assim como eu, existem muitos professores com problemas de saúde em decorrência".
Fonte: Correio Braziliense (DF) 20/05/2011
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