sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Relação de equilíbrio

Por Lucila Cano

Tudo começou em 15 de outubro de 2009, quando o Ministério do Meio Ambiente lançou o Dia do Consumidor Consciente, em sintonia com manifestações de entidades internacionais e brasileiras que defendem a preservação ambiental já de longa data.

Naquele ano e no seguinte, a bandeira do Dia do Consumidor Consciente foi a substituição das sacolas plásticas por sacolas reutilizáveis. O assunto suscitou discussões, gerou reportagens e, aos poucos, mais consumidores mudam os seus hábitos de compra. Os supermercados, fornecedores de sacolas plásticas em grande quantidade, estabeleceram metas para acabar com elas e, segundo tudo indica, estão dispostos a cumprir o compromisso.

Esse exemplo ainda precisa ser seguido por outros estabelecimentos, como padarias, mercearias, quitandas, sacolões e até feiras livres, que continuam utilizando as sacolas plásticas. Aquelas bandejas de isopor com papel-filme por cima também estão na mira de quem sonha com um planeta menos plastificado.

De qualquer forma, a despeito dos rios e represas transbordando lixo, dos bueiros indefinidamente entupidos em nossas cidades e do descaso generalizado com o bem público, alguns avanços podem ser percebidos. Isso, sem dúvida, decorre da insistência das campanhas educativas.

Outubro sustentável

A adesão de empresas, escolas, ONGs e demais instituições favorece a proposta de um outubro sustentável, para o qual foram programadas inúmeras atividades. O próprio Ministério do Meio Ambiente criou um hotsite para o Mês do Consumo Sustentável.

Com uma linguagem dirigida ao público jovem, lá estão o convite para o envolvimento das redes sociais, explicações a respeito da importância da sustentabilidade e algumas dicas: deixar o carro em casa ao menos uma vez por semana; não desperdiçar alimentos, não trocar de celular todo ano.

Água e energia são os recursos naturais que mais preocupam. Afinal, dependemos deles para a produção de outros recursos, como alimentos, roupas, equipamentos.

Toda e qualquer iniciativa no sentido de conscientizar a população para o uso racional e consciente desses recursos é louvável e não deve se restringir às crianças na escola. Os pequenos têm aprendido as lições de educação ambiental com facilidade. São eles que levam as regras básicas da sustentabilidade para dentro de casa, enquanto muitos adultos ainda se mostram resistentes.

É compreensível, mas não aceitável, que por força da ignorância e da falta de informação, adultos relutem em acatar hábitos sustentáveis. Esse é o grande desafio das campanhas educativas e o principal motivo para a continuidade delas.

Na medida em que a população mundial cresce e os recursos naturais se esgotam, há uma necessidade premente de se equilibrar essa relação. No fundo, sustentabilidade é isso: uma relação de equilíbrio.

Querer e fazer

A reciclagem é a mais bem-sucedida das iniciativas de consumo sustentável no Brasil. Cria oportunidades de trabalho para catadores, através da formação de cooperativas e associações. Incentiva o desenvolvimento de tecnologias, as quais já exportamos para outros países. Faz com que empresas se responsabilizem pelo ciclo integral de vida dos produtos, da fabricação à destinação final de itens como lâmpadas, baterias, pilhas, celulares, aparelhos eletrônicos.

Outra prática é a redução do consumo, que equivale a evitar o desperdício, principalmente de água, energia (luz, gás, combustíveis) e alimentos. A ação de reutilizar também é bem-vinda para roupas, móveis e utensílios, potes de vidro, os dois lados de folhas de papel, a água da máquina de lavar, por exemplo.

Segundo o Instituto Akatu, que trabalha em defesa do consumo consciente, há ainda outros princípios sustentáveis, que começam com erre. Mas, se além da reciclagem, conseguirmos renovar hábitos e reagir de maneira positiva às demandas de redução e de reutilização, já teremos nos equilibrado um pouco mais.

Isso vale para outubro, o Mês do Consumo Sustentável, e para todos os outros meses de nossas vidas. É uma questão de querer e fazer.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.


Lucila Cano
Colunista especialista em temas relacionados ao 3º setor;
assumiu a coluna em 9/4/2010

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