Artigo - Maria Alice Setubal
Costumo dizer que os alunos estão no século XXI, os professores estão no século XX e a escola está no século XIX. Os debates deste novo século exigem uma visão intersetorial e transdisciplinar da Educação, na qual novos arranjos organizacionais tornem possível o diálogo entre a escola e a realidade do seu entorno, preparando nossas crianças e jovens para o exercício da cidadania e para o mundo do trabalho. Trata-se de uma nova abordagem da Educação que inclui novos modos de se pensar a Gestão, Currículo e a Formação dos profissionais. Como fazer?
Tendo alcançando a quase universalização do acesso (98%), o nosso maior desafio é reinventar a escola de modo a criar as condições que efetivamente garantam a aprendizagem de qualidade para cada criança, adolescente e jovem. Para além de garantir a educação básica que propicie o acesso das novas gerações ao conhecimento acumulado pela humanidade, quando pensamos nos desafios que o futuro nos coloca, é fundamental criarmos uma Educação que estimule o aprendizado ao longo da vida e que ofereça as condições necessárias para que os meninos e meninas de hoje possam responder aos questionamentos do mundo contemporâneo.
Os caminhos são inúmeros e certamente passam por ouvir os jovens que são aqueles que estão conectados com as questões da contemporaneidade. Para isso, é necessário o desenvolvimento de currículos abertos ao acolhimento dos inúmeros desafios e demandas exigidos para a formação de um indivíduo autônomo e participativo. Precisamos também pensar uma Educação dentro de um contexto de desenvolvimento que não se reduz ao crescimento econômico, caminhando em direção à construção de uma sociedade sustentável para as novas e futuras gerações.
Para que esta nova Educação se concretize, é necessário resgatar o valor simbólico da profissão de professor. A valorização do ofício exige, por um lado, um Plano de Carreira e salários dignos, compatíveis com a importância dos educadores na nossa sociedade. Por outro lado, a qualidade da educação é proporcional à qualificação dos educadores, daí a necessidade de elevar os patamares da qualidade da formação inicial e investir também na educação continuada dos professores e gestores.
Uma nova perspectiva para a Educação coerente com o projeto de País que queremos exige vontade política para o enfrentamento do debate e para a articulação política entre União, Estado e Municípios, além de ousadia para a proposição de alternativas e abertura ao diálogo com os diversos atores envolvidos na luta por uma educação de qualidade.
Maria Alice Setubal - Presidente do Conselho do Cenpec
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