Muita gente se pergunta: é possível “programar” a personalidade dos filhos? A resposta é que não podemos programar, mas sim estimular o desenvolvimento de algumas habilidades que a criança já possua. O ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2000, James Heckman – que se dedica a estudar os efeitos dos estímulos educacionais oferecidos às crianças, nos primeiros anos de vida –, afirma que há evidências científicas de que dois tipos de habilidades, que fazem parte da personalidade, têm enorme influência sobre o sucesso na vida de uma pessoa: as capacidades cognitivas, (intelectuais), e as habilidades não cognitivas (emocionais).
Os estudos de Heckman mostram que, por volta dos 10 anos de idade, as aptidões cognitivas, como a fluência verbal e o domínio da matemática básica, já estão estruturadas, e se torna mais difícil desenvolvê-las depois dessa idade. Os números são impressionantes: uma criança de oito anos, que recebeu estímulos cognitivos adequados (educação formal e incentivo intelectual dos pais) desde os três anos de idade, conta com um vocabulário de, aproximadamente, 12.000 palavras. Uma criança da mesma idade, sem esses estímulos, tem um vocabulário de apenas 4.000 palavras.
As crianças que não desenvolvem suas principais habilidades nos primeiros anos de vida terão muitas dificuldades na vida adulta.
Toda criança nasce com predisposições genéticas que, reforçadas pelo meio, direcionam muitos de seus comportamentos e habilidades.
É só examinar qualquer grupo de crianças a partir dos oito anos e você verá cada uma delas desempenhando papéis consistentemente diferentes. Há a líder, a divertida, a criativa, a estudiosa, a esportista, a agregadora, a meticulosa, a estrategista, a negociadora, a artista, etc. Quando a criança percebe no que se destaca e é adequadamente estimulada, tende a se especializar nesse talento.
Para se ter uma ideia da importância dos pais no desempenho escolar das crianças, uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) para entender como os pais podem ajudar a despertar nos filhos o apreço pelos estudos, revelou que apenas incentivar o filho a fazer a lição de casa e ir à escola todos os dias tem efeito de elevar as notas em torno de 15%.
Portanto, sugiro aos pais que, além de acompanharem as atividades escolares, contribuam para aprimorar as aptidões de seus filhos. Apesar de cada criança ter seu ritmo de aprendizagem, todas têm talentos “genéticos” esperando o estímulo ambiental para se desenvolverem e se transformarem nos pontos fortes do futuro adulto.
Lembre-se que os primeiros anos são decisivos para moldar habilidades, que servirão de base para que outras surjam, ajudando a formar profissionais emocionalmente saudáveis e produtivos, criando um ciclo virtuoso, do qual resulta gente preparada para produzir riquezas para si mesmas e para seus países.
Eduardo Ferraz contato@eduardoferraz.com.brPós-graduado em Direção de Empresas pelo ISAD PUCPR e especializado em Coordenação e Dinâmica de Grupos pela SBDG.
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