Escolas estaduais distantes dos grandes centros urbanos têm desempenho melhor por oferecer qualidade de vida e de ensino
Marina Morena Costa, iG São Paulo | 16/04/2011 06:30
As escolas estaduais mais bem avaliadas de São Paulo estão localizadas no interior do Estado, bem longe da capital, a cerca de 400 quilômetros. Para especialistas em educação, os bons resultados se devem às condições privilegiadas dessas instituições, como o número reduzido de alunos em sala de aula, presença maior do corpo docente na instituição, formação continuada dos professores e participação dos pais e da comunidade.
Uma realidade diferente, incomparável a dos grandes centros urbanos e apontada pela reportagem do iG, que visitou cinco escolas campeãs no Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), indicador de qualidade do governo paulista.
Para o professor da USP Luis Carlos Menezes, especialista em formação de professores e educação básica, a qualidade de vida das cidades pequenas se reflete na educação. “Em rede pública de ensino no Brasil salas com menos de 30 alunos é algo absolutamente excepcional. É exceção e não regra”, afirma. As primeiras colocadas no Idesp tem em média 25 estudantes por sala de aula e oferecem um atendimento individualizado, focado nas dificuldades.
Apesar de terem realidades incomparáveis, os critérios que dão certo no interior poderiam ser aplicados nas grandes cidades, avalia a professora Neide Noffs, diretora da faculdade de Educação da PUC-SP. “Há princípios das escolas do interior que podem e deve ser aplicados na capital, como o número de alunos por sala de aula, a formação do professores, o atendimento individual”, aponta.
Neide avalia que a redução do número de alunos em salas de aula da capital, que muitas vezes passa de 40, é uma questão de política pública municipal e estadual que deveria ser revista. “As famílias não podem para pagar o preço da falta de políticas públicas para a educação”, pondera a professora.
“ Em rede pública de ensino no Brasil salas com menos de 30 alunos é algo absolutamente excepcional. É exceção e não regra”
Menezes destaca que as condições reais com as quais a escola opera devem ser avaliadas em indicadores de qualidade – variável que o Idesp não considera nos números absolutos. “É preciso olhar os avanços e os problemas de acordo com as circunstancias do meio escolar”, destaca.
O iG visitou cinco escolas estaduais que tiraram as notas mais altas no Idesp. Elas não só tiveram os melhores desempenhos, como ultrapassaram a meta pretendida para 2030 pelo Estado, nota 6 no 9º ano do ensino fundamental e 5 no 3º ano do ensino médio.
As escolas Antonio Sanches Lopes, Rizzieri Poletti, Comendador Francisco Bernardes Ferreira, Pedro Mascari e Professor João Caetano da Rocha estão localizadas em cidades pequenas ou distritos rurais e têm em comum, principalmente, o número reduzido de alunos e a falta de equipamentos tecnológicos. Provam que a qualidade da educação passa por poucos alunos por professor e por um corpo docente presente, com vários anos de dedicação a mesma escola.
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