domingo, 17 de abril de 2011

UFMG vai investigar suposto ataque homofóbico durante festa de calouros

Especial para o UOL Educação
Em Belo Horizonte

A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) anunciou nesta sexta-feira (15) que vai investigar um suposto ataque contra casais homossexuais durante a "calourada" do curso de letras. As agressões teriam ocorrido no começo do mês.

Em e-mail enviado ao Gudds! (Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual), ao qual o UOL Educação teve acesso, uma das vítimas conta que ele e o companheiro foram agredidos. “Um cara negro, por volta de 1,90m de altura, começou a nos xingar. Eu perguntei se ele estava louco, porque nos agrediu sem nenhum motivo”, conta um dos participantes da festa.

Segundo ele, o agressor deu um chute no seu companheiro e ainda os chamou de “loucos” e que “deveriam parar de fazer isso”. O estudante afirma que procurou sair de perto do suspeito e reclamou ainda de que pessoas em volta nada fizeram para ajudá-los.

“Todos presenciaram o que aconteceu e absolutamente ninguém se prontificou a nos ajudar. Poderia ter sido muito pior, porque o cara se contentou só com um chute. Se ele resolvesse continuar a agressão provavelmente nós sairíamos muito machucados da situação”, relata.

De acordo com Daniel Arruda Martins, membro do grupo de defesa da diversidade, houve ainda relatos informais de que o homem teria ameaçado ou agredido outras pessoas.

Reponsabilidades Questionada, a assessoria de imprensa da UFMG informou que existem seguranças “dia e noite” no campus, mas a segurança de festas promovidas por diretórios acadêmicos é de responsabilidade dos organizadores.

Ainda de acordo com a assessoria, no dia da calourada, foi registrada apenas uma tentativa de roubo de um carro do estacionamento. “Temos fortes indícios de que a mesma pessoa tenha praticado a violência contra as pessoas que estavam na festa”, disse Martins.

Segundo o diretor para assuntos estudantis da instituição, Luiz Guilherme Knauer, a sindicância vai ser instalada nos próximos dias e terá até 60 dias para investigar o caso. Ainda de acordo com ele, dois alunos, cujos cursos não foram revelados, fizeram queixa formal a ele.

Caso fique comprovada a participação de aluno da instituição nos ataques, o agressor poderá sofrer sanções previstas em lei, que vão de advertência a expulsão, e o caso será encaminhado à Justiça comum. “A atitude mais provável, caso o agressor não seja da UFMG, é o envio do que foi apurado às autoridades competentes”, afirmou o diretor.

Incidentes "recorrentes" Segundo Daniel Martins, incidentes homofóbicos na universidade são "recorrentes". Ele acusou a reitoria de ser condescendente em relação aos episódios. Como exemplo, Martins descreve a atitude de alunos veteranos dos cursos de engenharia que, segundo ele, obrigam calouros a entoar, em frente ao prédio da FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG): “1,2,3,4, na FAFICH só tem v.....). 4, 3, 2,1, eles dão para qualquer um”.

Martins afirma que tem gravado as ocorrências e levado ao conhecimento da reitoria.

O diretor Luiz Knauer reconhece haver problema no controle dos trotes feitos no campus, mas rebate acusação de que alguns sejam praticados com cunho homofóbico. “Os trotes da UFMG têm problemas, como todos os trotes das outras universidades, mas todos são acompanhados pela segurança e por algum diretor. O dois ou três trotes do semestre passado que tiveram cartazes ou brincadeiras, que lembrassem alguma atitude homofóbica, foram imediatamente retirados”, afirmou.

Segundo ele, os alunos veteranos do curso de engenharia foram alertados sobre possíveis punições.

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